O Brasil está envelhecendo rapidamente. Isso porque, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (
IBGE), em 2070,
mais de um terço (37,8%) dos brasileiros terão 60 anos ou mais.
Além disso, essa mudança demográfica traz consigo uma crescente demanda por profissionais especializados no cuidado de idosos.
Em resumo, de 2000 a 2023, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais na população brasileira quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Ao mesmo tempo, a taxa de fecundidade do país recuou de 2,32 em 2000 para 1,57 filho por mulher em 2023. Ou seja, essas tendências indicam que o Brasil enfrentará desafios significativos no cuidado de sua população idosa nas próximas décadas.
A crescente demanda por cuidadores de idosos
Com o aumento da população idosa, a demanda por cuidadores profissionais tem crescido significativamente. Por exemplo, entre 2019 e 2023, houve um aumento de 15% no número de cuidadores remunerados no Brasil, o que totaliza cerca de 840 mil profissionais em 2023.
Além disso, o número de familiares que se dedicam aos cuidados de pessoas com 60 anos ou mais aumentou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019.
Em síntese, esses dados revelam não apenas a crescente necessidade de cuidadores profissionais, mas também o peso que o cuidado não remunerado representa para muitas famílias brasileiras.
O perfil do cuidador de idosos no Brasil
O cuidador típico no Brasil tem um perfil semelhante ao da empregada doméstica. Segundo Jorge Félix, pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e professor de gerontologia na
Universidade de São Paulo (USP), o cuidador é geralmente uma mulher com cerca de 40 anos de idade, negra, pobre e com poucos anos de estudo.
De modo geral, muitos desses profissionais migraram do trabalho doméstico para o cuidado de idosos devido à regulamentação da profissão de empregada doméstica, que reduziu a demanda por seus serviços em tempo integral.
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A importância da formação profissional para cuidador de idosos
Embora muitos cuidadores atuem sem formação específica, especialistas enfatizam a importância da qualificação profissional. Isso porque a formação adequada não apenas melhora a qualidade do cuidado oferecido, mas também protege o próprio cuidador de riscos físicos e emocionais associados à profissão.
Uma pesquisa longitudinal da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com ex-alunas de um curso de qualificação para cuidadores mostrou resultados encorajadores. Em outras palavras, o acesso à formação teve um impacto positivo na empregabilidade e na qualidade do trabalho das cuidadoras.
Além disso, as profissionais com formação mostraram-se mais aptas a prevenir acidentes domésticos com idosos e a proteger-se de situações de sobrecarga de trabalho.
Desafios e perspectivas da profissão
Apesar da crescente demanda, a profissão de cuidador de idosos enfrenta desafios significativos. Afinal, a falta de regulamentação da profissão e a ausência de uma padronização na formação necessária para o exercício da atividade são obstáculos importantes.
No entanto, há perspectivas de mudança. Um projeto de lei que estabelece a Política Nacional de Cuidado foi enviado pelo governo federal ao Congresso. Sendo assim, esta iniciativa pode formar a base para a regulamentação da profissão de cuidador e estabelecer o direito ao cuidado como uma política pública.
O futuro da profissão de cuidador de idosos
O futuro da profissão de cuidador de idosos no Brasil dependerá, em grande parte, das políticas públicas adotadas. Ou seja, se o Estado abraçar esse serviço, oferecendo-o como parte do sistema de saúde pública, a profissão poderá se consolidar como uma carreira promissora.
No entanto, se o custo do cuidado recair somente sobre as famílias, o cenário pode ser preocupante. Atualmente, apenas 20% da população brasileira paga por esse serviço. Entretanto, com o envelhecimento populacional, a demanda aumentará, mas muitas famílias não terão condições de arcar com os custos.
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Diante desse cenário, iniciativas de formação para cuidadores da pessoa idosa ganham ainda mais relevância. Por exemplo, a
CVB-MG oferece um curso gratuito de Cuidador da Pessoa Idosa, que representa uma oportunidade valiosa para quem deseja ingressar nessa profissão ou aprimorar suas habilidades.
Para isso, o curso da CVB-MG aborda temas essenciais para o cuidado adequado de idosos, o que inclui aspectos físicos, psicológicos e sociais do envelhecimento. Além disso, oferece orientações práticas sobre cuidados diários, administração de medicamentos e prevenção de acidentes domésticos.
Ao participar desse curso, os futuros cuidadores não apenas adquirem conhecimentos técnicos, mas também desenvolvem habilidades interpessoais cruciais para lidar com os desafios emocionais que a profissão apresenta. Afinal, essa formação contribui para a profissionalização do setor e para a melhoria da qualidade de vida dos idosos e seus familiares.